Podemos considerar a qualidade da Educação sob três dimensões: a pedagógica; a sócio econômica e a
filosófica.
Esta última, a filosófica, o ponto nodal da qualidade sem a qual,
qualquer projeto educacional poderá se frustrar devido à natureza finalista da
educação.
Não importam a disparada vertiginosa da tecnologia, a velocidade da
mudança acelerada e seu impacto sobre usos e costumes, superando valores acessórios
na convivência social.
Desde que aplicado com
competência, rigor e flexibilidade, qualquer método de alfabetização, acrescido
de muitas oportunidades de leitura, pode funcionar.
Todo ensino deve permitir que brilhe intensamente a luz que cada ser
humano porta dentro de si.
Atendamos as dimensões pedagógicas e socioeconômicas da Educação, mas há
que ser levado em conta os valores perenes
que sobrevivem a tudo isso, porque são inerentes à própria natureza humana.
É necessária uma verdadeira revolução na Educação com o mesmo professor,
com o mesmo aluno e com a mesma Escola – transformando a Pedagogia do fracasso
em Pedagogia do sucesso, dizia Paulo Freire.
A construção de um mundo sem violência está nas mãos dos professores que
criam condições para gerações e culturas diferentes dialogarem entre si, diz o
Professor Ubiratan D`Ambrósio, mestre e doutor em Matemática da UNICAMP. As
crianças são como pássaros, diz: se
presas com medo de se expressar, acabam por inibir a construção do novo. É
preciso conceder espaço à criança durante o processo de aprendizagem senão, lá
na frente não adiantará abrir a gaiola. Se ela não praticar, não saberá voar.
A ONU – Organização das Nações Unidas criou a Unesco para ocupar-se
permanentemente da educação e estimular os paises emergentes a levar a sério a
indissolubilidade de dois conceitos básicos:
o da educação como insumo e o do desenvolvimento como produto.
Cada vez mais a escola é reconhecidamente a estrada que leva às
ocupações e papéis sociais, e a abertura dos canais escolares é enfatizada como
a garantia de acesso, não só ao progresso acadêmico mas também social.
Apesar de todo o esforço que se tem feito ainda hoje em pleno século XXI,
o que se observa, é a sobrevivência de um forte resíduo de analfabetismo puro
na população ao lado de sistemas escolares pedagogicamente deficientes e
incapazes de vencer os desafios de uma justiça social, mediante o acesso da
maioria das pessoas aos bens decorrentes do processo de civilização.
“Nossa tragédia
brasileira é a de possuir neste século XXI, cerca de 17 milhões de analfabetos.
A escola pública de ensino básico deverá se preocupar com a formação cidadã.
Quanto mais omissa for a Escola, maior será o nível de baixa consciência –
camadas de cidadãos pobres ou miseráveis – com comportamentos hedonistas e
consumistas”. (Folha Mundo – sábado
17.04.04).
A inclusão social é um direito de todos e a alfabetização é base
fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade equilibrada. Não importa o
tamanho ou situação
financeira dos municípios, os prefeitos têm a grande responsabilidade na
política de atendimento à juventude.
Não só as distorções e deficiências do sistema de educação são
componentes do drama que ameaça o futuro dos estudantes, mas o desemprego e a
falta de oportunidades de acesso ao mercado de trabalho afetam grandemente a
faixa etária dos 15 aos 18 anos.
Mudanças qualitativas na história das nações se devem sempre a um
conjunto de fatores que, com harmonia e integração entre as partes, assegura as
condições básicas de decolagem e sustentação do voo de gansos empreendido pelos
países que crescem e se robustecem. É o chamado capital social que para gerar
impulsos desenvolvimentistas, carece de elevadas virtudes como o respeito às
leis, instituições fortes e sadias, classe política voltada para o bem público,
corrupção zero, ética nas relações entre as pessoas, entre as instituições e
uma educação de qualidade para todos, sem discriminação de raça, etnia,
situação financeira, cor, gênero, todos enfim, que formam o capital social da
nação.
Uma educação de qualidade e para todos, dá consistência e vitalidade a
esse capital social que alavanca e movimenta o trem da prosperidade.
Ética e educação de qualidade devem ser vigas mestras da construção do
capital social, que por sua vez sustentará o desenvolvimento nacional.
A Educação forçosamente há de impulsionar as mudanças sociais e uma Educação
que promova o ser humano a sujeito da história.
Educar esse homem para quê? Para servir ou sub-servir? Para a vida ou
para a morte? Há lugar para o caráter na Educação que queremos? Carpe dien!
(Aproveite o dia)
É com alma angustiada que o homem contempla as inúmeras
contradições
existentes
no plano cultural e que ele próprio deverá resolver. Como se pode conciliar uma
dispersão tão rápida e progressiva das ciências particulares, com a necessidade
de elaborar a sua síntese e de conservar nos homens, as faculdades de
contemplação e admiração que encaminham para a sabedoria?
Ao crescerem o acervo e a diversidade de elementos que constituem a
cultura, diminui a capacidade de cada qual para captá-los e harmonizá-los
organicamente. E assim, vai desaparecendo a imagem do homem universal.
Continua-se impondo a cada ser humano o dever de conservar a integridade de sua
pessoa: inteligência, vontade,
consciência, fraternidade.
Bastam alguns anos de ausência para que nos sintamos superados e
desatualizados.
O estudo num campo muito especializado traz consigo o perigo de
desinteressar-se por outros setores da vida, da verdade, do bom e do belo.
O especialista pode facilmente sucumbir à tentação de isolar-se, de
fechar-se num gueto, de deixar de ser humano. O especialista é hoje uma necessidade,
porém devemos ajudá-lo já na família, na qual, educado com amor há de aprender
mais facilmente a hierarquia dos valores.
Estando a cultura subordinada à perfeição integral da pessoa humana, da
comunidade e da sociedade é necessário cultivar o espírito de tal maneira, que
se promovam capacidades de admiração, intuição, contemplação de modo a
aperfeiçoar o sentimento religioso, o senso moral e o social.
Lucrecia Anchieschi Gomes
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