domingo, 21 de fevereiro de 2016

Fenômeno Bullyng




Bully em inglês, quer dizer valentão, brigão, provocador.
A palavra Bullying de origem inglesa, não tem tradução exata para o português e se caracteriza por pequenos atos de humilhação ou assédio a adolescentes, podendo desencadear processos de deterioração comportamental, respostas agressivas e prática de atos humilhantes de grupos de estudantes contra um colega, sem motivo aparente.
Podemos relatar casos como o do adolescente que constantemente sofria humilhação na
escola e na rua até o momento em que fora agredido com um banho de lama enquanto
andava de bicicleta pelas ruas no Estado da Bahia/ Brasil, o que representou a gota dágua  para que o estudante de 17 anos matasse duas pessoas e ferisse três.
Outro caso foi o do estudante apelidado de “vinagre” pelos colegas, após severa dieta que o fizera emagrecer radicalmente. Colegas diziam que ele havia emagrecido de tanto beber o tempero, mistura de sal, azeite e vinagre. Não suportando as agressões, acabou ferindo seis pessoas em São Paulo e suicidou-se em janeiro de 2.003.
Em 2.012 em São Paulo, um menino deixou bilhete à família dizendo ter sido motivo de chacota na Escola e já não aguentando mais se suicidara.
Uma pesquisa com 5.482 estudantes da 5ª. a 8ª. séries em escolas públicas e privadas do Rio de Janeiro, mostrou que 40,5 % dos estudantes admitiram ter envolvimento direto em situações de humilhação na escola. Outros 27% contaram que foram igualmente vítimas de bullying como agressão, apelidos, difamação, ameaças e roubos de objetos, tudo ocorrido em sala de aula. Afirmaram ainda, que humilharam colegas por os acharem engraçados e que as vítimas deveriam ser castigadas.
As vítimas em geral, não conseguem se defender por excesso de timidez, baixa autoestima, dificuldade de relacionamento, falta de sociabilidade e insegurança.
O bullying vem ocorrendo também e com alta intensidade, na rede mundial de computadores, o denominado cyberbullying, revelando repulsa e intolerância ao que lhe é inverso, contrário ou diferente, quase sempre reproduzindo situações vivenciadas no grupo social e até mesmo experiências vivenciadas no seio familiar.
São muitas as tecnologias utilizadas no cyberbullying e dentre elas, o telefone celular. Na internet, através dos espaços do orkut, facebook, twitter e outros.
Todo assédio moral é condenável, quer seja ele físico ou psicológico e precisa ser sanado através, do respeito á integridade da pessoa humana.
Importante a inserção e abordagem do tema nas políticas públicas de educação, cultura e lazer, através da informação e formação de opinião, na escola, na família, na sociedade.
Por trás disso tudo, está a intolerância pelo diferente. A sociedade precisa atentar para esse tipo de comportamento que não se trata apenas de ação de criança ou de adolescente mas, costume que pode acompanhar o indivíduo durante a vida toda, prejudicando-o já que poderá vir a praticar o bullying no ambiente de trabalho.

                                           Lucrecia Anchieschi Gomes



Educação e Força Social




O matemático e filósofo Pitágoras ensinava que era necessário educar as crianças para não se ter que punir os adultos. Florestan Fernandes por sua vez, acreditava que um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que vivenciamos no Brasil e em grande parte do Mundo. À Revista Nova Escola em 1.991 dissera que A escola de qualidade não é redentora da humanidade, mas um instrumento fundamental para a emancipação dos trabalhadores.”
Dizia que o Brasil era atrasado em relação à cultura cívica – compromisso em torno do mínimo interesse comum – por dois motivos: primeiro, porque estimularia as massas populares a participar politicamente e segundo, porque ao mesmo tempo, tiraria das classes dominantes a prerrogativa de fazer tudo o que quisessem, sem precisar dar satisfações ao conjunto da população.
Foi da retomada de princípios pedagógicos proclamados por Confúcio, que antes de Cristo afirmava: ”sei, porque faço” e de pioneiros da Escola Nova no Brasil advogando a tese “para saber é preciso aprender fazendo”, que surgiu há mais de quarenta anos o Centro Integrado Empresa Escola (CIEE) que ao introduzir o estágio, vem revolucionando pedagogicamente a educação brasileira neste Século XXI.
O estágio fez a ponte entre a escola e a empresa, tendo dado início ao rompimento do divórcio entre estudo e trabalho”. (Professor Dr. Paulo Nathanael Pereira de Souza – Ex-Secretário de Educação de São Paulo)
A paixão de formar caracteriza-se por um movimento psíquico que se mantém internamente, apesar de todas as instabilidades externas que se vincula à realidade”. (A Paixão de Formar – Maria Cecília Pereira da Silva – Artes Médicas).
O Brasil só conseguirá avançar no capital social, quando houver melhorias na educação.  Estudo do Banco Mundial aponta como fator de deficiência brasileira o Ensino Básico precário que resulta em profissionais pouco qualificados, universidades distantes do setor produtivo e voltadas tão somente para o conhecimento mais teórico do que prático.
O papel da Educação é fundamental no enfrentamento dos atuais desafios da humanidade: o crime organizado, as guerrilhas, o terrorismo, o tráfico (drogas, crianças, mulheres, armas, animais...) e os movimentos extremados de grupos religiosos e racistas.

Duas coisas são verdadeiras: a força e a fraqueza nos jovens contemporâneos.
Força, oriunda da própria idade. Das esperanças que a vida oferece. Da capacidade de amar. Dos impulsos generosos que sentem. Do amor à verdade e a sinceridade, contrários à hipocrisia e o fingimento.
Fraqueza, resultante das muitas formas de manipulação a que são sujeitos em detrimento de suas próprias qualidades e em benefício, quer de sistemas ideológicos, quer de modelos econômicos, quer dos lucros. Lucros da indústria da droga, do comércio da
pornografia, dos laboratórios de preservativos graças aos quais, os adultos fazem dos jovens, puros objetos de toda sorte de tráfico.

                                                 Lucrecia Anchieschi Gomes

Educação e Qualidade




Podemos considerar a qualidade da Educação sob três dimensões: a pedagógica; a sócio econômica e a filosófica.
Esta última, a filosófica, o ponto nodal da qualidade sem a qual, qualquer projeto educacional poderá se frustrar devido à natureza finalista da educação.
Não importam a disparada vertiginosa da tecnologia, a velocidade da mudança acelerada e seu impacto sobre usos e costumes, superando valores acessórios na convivência social.
 Desde que aplicado com competência, rigor e flexibilidade, qualquer método de alfabetização, acrescido de muitas oportunidades de leitura, pode funcionar.
Todo ensino deve permitir que brilhe intensamente a luz que cada ser humano porta dentro de si.
Atendamos as dimensões pedagógicas e socioeconômicas da Educação, mas há que ser levado em conta os valores perenes que sobrevivem a tudo isso, porque são inerentes à própria natureza humana.
É necessária uma verdadeira revolução na Educação com o mesmo professor, com o mesmo aluno e com a mesma Escola – transformando a Pedagogia do fracasso em Pedagogia do sucesso, dizia Paulo Freire.         
A construção de um mundo sem violência está nas mãos dos professores que criam condições para gerações e culturas diferentes dialogarem entre si, diz o Professor Ubiratan D`Ambrósio, mestre e doutor em Matemática da UNICAMP. As crianças são como pássaros, diz: se presas com medo de se expressar, acabam por inibir a construção do novo. É preciso conceder espaço à criança durante o processo de aprendizagem senão, lá na frente não adiantará abrir a gaiola. Se ela não praticar, não saberá voar.
A ONU – Organização das Nações Unidas criou a Unesco para ocupar-se permanentemente da educação e estimular os paises emergentes a levar a sério a indissolubilidade de dois conceitos básicos: o da educação como insumo e o do desenvolvimento como produto.
Cada vez mais a escola é reconhecidamente a estrada que leva às ocupações e papéis sociais, e a abertura dos canais escolares é enfatizada como a garantia de acesso, não só ao progresso acadêmico mas também social.
Apesar de todo o esforço que se tem feito ainda hoje em pleno século XXI, o que se observa, é a sobrevivência de um forte resíduo de analfabetismo puro na população ao lado de sistemas escolares pedagogicamente deficientes e incapazes de vencer os desafios de uma justiça social, mediante o acesso da maioria das pessoas aos bens decorrentes do processo de civilização.
Nossa tragédia brasileira é a de possuir neste século XXI, cerca de 17 milhões de analfabetos. A escola pública de ensino básico deverá se preocupar com a formação cidadã. Quanto mais omissa for a Escola, maior será o nível de baixa consciência – camadas de cidadãos pobres ou miseráveis – com comportamentos hedonistas e consumistas. (Folha Mundo – sábado 17.04.04).
A inclusão social é um direito de todos e a alfabetização é base fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade equilibrada. Não importa o tamanho ou situação
financeira dos municípios, os prefeitos têm a grande responsabilidade na política de atendimento à juventude.
Não só as distorções e deficiências do sistema de educação são componentes do drama que ameaça o futuro dos estudantes, mas o desemprego e a falta de oportunidades de acesso ao mercado de trabalho afetam grandemente a faixa etária dos 15 aos 18 anos.
Mudanças qualitativas na história das nações se devem sempre a um conjunto de fatores que, com harmonia e integração entre as partes, assegura as condições básicas de decolagem e sustentação do voo de gansos empreendido pelos países que crescem e se robustecem. É o chamado capital social que para gerar impulsos desenvolvimentistas, carece de elevadas virtudes como o respeito às leis, instituições fortes e sadias, classe política voltada para o bem público, corrupção zero, ética nas relações entre as pessoas, entre as instituições e uma educação de qualidade para todos, sem discriminação de raça, etnia, situação financeira, cor, gênero, todos enfim, que formam o capital social da nação.
Uma educação de qualidade e para todos, dá consistência e vitalidade a esse capital social que alavanca e movimenta o trem da prosperidade.
Ética e educação de qualidade devem ser vigas mestras da construção do capital social, que por sua vez sustentará o desenvolvimento nacional.
A Educação forçosamente há de impulsionar as mudanças sociais e uma Educação que promova o ser humano a sujeito da história.                                                          
Educar esse homem para quê? Para servir ou sub-servir? Para a vida ou para a morte? Há lugar para o caráter na Educação que queremos? Carpe dien! (Aproveite o dia)
É com alma angustiada que o homem contempla as inúmeras contradições                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 existentes no plano cultural e que ele próprio deverá resolver. Como se pode conciliar uma dispersão tão rápida e progressiva das ciências particulares, com a necessidade de elaborar a sua síntese e de conservar nos homens, as faculdades de contemplação e admiração que encaminham para a sabedoria?
Ao crescerem o acervo e a diversidade de elementos que constituem a cultura, diminui a capacidade de cada qual para captá-los e harmonizá-los organicamente. E assim, vai desaparecendo a imagem do homem universal. Continua-se impondo a cada ser humano o dever de conservar a integridade de sua pessoa: inteligência, vontade, consciência, fraternidade.
Bastam alguns anos de ausência para que nos sintamos superados e desatualizados.
O estudo num campo muito especializado traz consigo o perigo de desinteressar-se por outros setores da vida, da verdade, do bom e do belo.
O especialista pode facilmente sucumbir à tentação de isolar-se, de fechar-se num gueto, de deixar de ser humano. O especialista é hoje uma necessidade, porém devemos ajudá-lo já na família, na qual, educado com amor há de aprender mais facilmente a hierarquia dos valores.
Estando a cultura subordinada à perfeição integral da pessoa humana, da comunidade e da sociedade é necessário cultivar o espírito de tal maneira, que se promovam capacidades de admiração, intuição, contemplação de modo a aperfeiçoar o sentimento religioso, o senso moral e o social.

                                        Lucrecia Anchieschi Gomes

Menor na Rua




Hoje admitimos a probabilidade maior de uma criança ser admitida num hospital psiquiátrico do que numa universidade, o que nos leva a interpretar como indicação de que estamos conduzindo mal as nossas crianças e levando-as à loucura. Será que as estamos educando realmente? Provável que o nosso método de educá-las é que as está levando à loucura.
Ninguém ensina ninguém, é preciso criar condições para a aprendizagem e o professor deve ser o facilitador dessa aprendizagem.
Foi o filósofo e psicólogo suíço Jean Piaget quem descobriu que as crianças não pensam como os adultos – têm sua própria ordem e sua própria lógica.
Para o cientista suíço, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz, um mecanismo que outros pensadores antes dele, já haviam instruído, mas foi ele quem o submeteu à comprovação na prática.
Vem de Piaget a idéia de que o aprendizado é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtivista.
Educar para Piaget é provocar a atividade isto é, estimular a procura do conhecimento. Os adultos devem assumir a responsabilidade de conduzir as crianças por caminhos que elas desconheçam. Piaget acreditou e comprovou que o conhecimento vem das descobertas que a criança faz.
A permanência da criança na rua ameaça sua integridade e a de outras categorias sociais. Existem ligações claras entre ambulantes, pedintes e meninos de rua, com o mundo do crime organizado. Importa-nos enfrentar o fenômeno mais escandaloso de nossa realidade, a esmagadora pobreza. Seres humanos privados de direitos elementares como saúde, alimentação, trabalho, educação, moradia, terra, cultura e lazer. É ingênuo imaginar que um banqueiro promova a reforma agrária. E não é preciso ir longe pra descobrir essa gente, é só por os pés na cozinha e constatar como vive a família da empregada doméstica.
Apesar de todo esforço governamental, há muito por ser feito ainda!
A crise da família está no olho do furacão da delinqüência bem nascida, haja vista o alto índice de criminalidade entre os jovens de classe média.
Em Carta à Família (1.994) o Papa João Paulo II detecta um grande despertar das
consciências entre os jovens: Cresce entre os jovens, uma nova consciência de respeito à vidadiz ele.
Em pouco mais de cem páginas o Papa discorreu alguns dos mais delicados temas da atualidade - paternidade responsável, individualismo, fidelidade, consumismo, direito à vida, desemprego, educação, etc.

                                                             Lucrecia Anchieschi Gomes