domingo, 12 de julho de 2015

Família e Socialização





O Artigo XVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos, diz que a família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Norma essa repetida na Constituição Federal Brasileira no Artigo 226 ao afirmar que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”.
O Estado vem fazendo pouco pelas famílias, haja vista o que diz o Artigo 245 da Constituição Federal, cujo dispositivo constitucional diz ser obrigação do Estado dar assistência aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito.
O Estado ao encarcerar quem pratica crimes, sequer se lembra de que aquele prisioneiro ou prisioneira pode ser chefe de família, e precisa de assistência e apoio.
O Estado também tem seu papel na criação de uma rede de apoio a pais e mães na tarefa de educar e cuidar de seus filhos. A creche que é o primeiro estágio escolar das crianças na primeira infância vem sendo negligenciada em todo o Brasil. A ausência de creches tem negado às crianças o direito de “brincar”. Muitas crianças acabam tendo esse tempo para brincadeiras, roubado pelo trabalho precoce ou pela violência doméstica.
Há um apelo constante para que se implante a “educação com amor” e que o aconselhamento às famílias, deve ocorrer de forma preventiva em postos de saúde e em reuniões escolares.
O que ainda define uma família são os “laços afetivos muito fortes” e sua função e tarefa básica e natural é a socialização, desprovida de conotação ideológica, introduzindo os filhos nas questões do tempo e da sociedade.
Significa somente, que a pequena e aconchegante sociedade familiar, cimentada pelo afeto é de certo modo, a melhor preparação para quem vai entrar um dia, na sociedade maior – a sociedade civil. E o processo de socialização é longo, da infância toda, ao aprimoramento no período da adolescência através da absorção dos valores e virtudes, complementados depois pela escola, que vai produzir a questão da socialização no coletivo. Portanto, o grupo familiar deve ser acolhedor, protetor e mantido com amor.
O ingresso de um adolescente na sociedade civil, não é um fato natural, fácil, idílico. É um passo perigoso. Perigoso porque, para o adolescente que sofre dolorosamente o impacto, tanto maior quanto mais o corpo social no qual ele tente entrar com não poucas ilusões, mas com certo idealismo e espírito crítico, lhe resiste e lhe mostra hostilidade. Perigoso para a própria sociedade, se o adolescente que nela vá ingressar, carregue em si “conflitos não resolvidos”, desequilíbrios e desarmonias interiores bastante explosivos.
Ora, para tal salto, nenhuma instituição pode preparar o adolescente e o jovem, melhor e mais adequadamente do que a própria família.
Como falar da educação, sem mencionar os golpes que vem sofrendo o seu mais nobre e profundo instrumento, que é a família, instituição agredida frequentemente de maneira desaforada e ostensiva e em especial por intermédio do público. Como educar verdadeiramente as novas gerações, sem levar em conta o processo educativo?
Explicitando: na família, se ela for comunidade de amor entre as pessoas, como deve ser, adolescentes e jovens, podem e devem cultivar  sem livros e espontaneamente no dia a dia, os elementos essenciais de pessoas humanas, chamados a conviver na comunidade civil. Da família devem sair para ingressar na sociedade humana e nela viver e atuar, adolescentes e jovens com:
- personalidade rica - dotada de faculdades e potencialidades de inteligência e vontade, sensibilidade e afetividade íntegras.
- personalidade equilibrada - com as faculdades, cada qual no seu lugar.
- personalidade harmoniosa – com cada faculdade bem entrosada com as demais e em  perfeita sintonia.
A melhor contribuição que a família pode oferecer à sociedade, não indivíduos fechados em si mesmos, desajustados, mas, pessoas humanas na plenitude de seus potenciais e abertas ao convívio social.
Essas personalidades a sociedade pode forjá-las se o “cadinho” familiar falhar, porém não é seguro que o consiga e se o conseguir será à força de duras provas.
Esta é uma escola austera, não conseguindo formar, pode até massacrar.
Faltam na sociedade, os ingredientes da formação de pessoas, como os existentes na família: respeito, laços de sangue e de afeto, ajuda e apoio moral. É tudo isso que se encontra sob o nome de “escola do mais rico humanismo”.
Na atmosfera familiar impregnada de compreensão, aprende-se também a cultivar a unidade na diferença e na diversidade.
A educação familiar tem diante de si o objetivo de construir pessoas diferenciadas umas das outras, cada qual, única e unidas umas às outras pelo vínculo profundo da fraternidade.
Na família deve reinar sem demora, o pedido de perdão, o dão do perdão e a acolhida do perdão – coisas raras na sociedade.

 Lucrecia Anchieschi Gomes



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