Voto
Aberto e o Retardo Legislativo
Nada exerce mais atração sobre os seres humanos
do que o poder. Para Maquiavel, o poder é tratado não como objeto, como coisa,
mas como processo, portanto efêmero.
Os governantes que individual ou coletivamente
desempenham funções de poder detêm a capacidade de agir, o que quase sempre o
fazem, sob pressão dos comandados. Convivemos com situações constrangedoras como
o enriquecimento ilícito de alguns, a impunidade de outros e a prosperidade da
hipocrisia política de muitos. O lixo mais deletério e mais difuso da política
é a corrupção, que acompanha o poder, como a sombra o corpo.
Condenado em 2.013 pelo Supremo Tribunal Federal
a treze anos de prisão por formação de quadrilha e desvio de R$ 8milhões da
Assembléia Legislativa de Rondônia, o Deputado Natan Donadon fora conduzido ao
Complexo Penitenciário da Papuda em Brasília.
Submetido ao primeiro julgamento na Câmara
Legislativa Federal em agosto de 2.013, manteve seu mandato protegido pelo
“voto secreto” de seus pares, sob indignação e desconfiança da população há
muito enfurecida.
Diante das manifestações de rua, o legislativo
federal acabou aprovando a PEC que acaba com o voto secreto em processos de
cassação e instituiu o “voto aberto”, sob aplausos da população que aspira
mudanças substanciais no jeito de fazer política que aí está.
Percebendo que “status” de prisioneiro junto à
Câmara Federal afetaria em cheio a imagem da Casa, colocando em risco a
credibilidade da instituição já esgarçada, os deputados resolveram em primeira
sessão nesta quarta-feira passada (12.02.2014) com voto aberto, cassar o
mandato do Deputado Natan Donadon de Rondônia, sem partido político.
Dos 469 deputados presentes no Plenário da Câmara,
467 votaram pela cassação. O Deputado
Asdrubal Bentes (PMDB/PA) absteve-se e o Presidente da Casa Henrique Eduardo
Alves (PMDB/RN) não votou impedido que fora, pelo Regimento da Câmara que só
autoriza votação no caso de empate.
Os deputados que deixaram o Plenário antes da votação,
no dia seguinte, justificaram compromissos partidários em seus redutos
eleitorais.
Essa foi a primeira vez que o Congresso
enfrentou perda de mandato de um parlamentar em votação aberta. O povo espera
que o fato ocorrido, se torne hábito saudável e transparente em todas as Casas
Legislativas do País.
Na Constituição Federal de 1.988, a
transparência e a informação estão previstas como dever do Estado.
Lucrecia
Anchieschi Gomes
http://www.luanchieschi.blog.uol.com.br
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